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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

E agora João Ninguém?




(Inspirado na poesia “E agora José?” de Carlos Drummond de Andrade)



Larga essa faca João!
Vai cortar o quê?
Os pulsos?
A cara?
E deixar teu inimigo na solidão?!
Larga essa faca João!

O banco aumentará os juros
A televisão falará o que quiser
O programa social vai ser de fachada
O bandido seguirá roubando
E tua música não será mais tocada...
Toca não.
Larga essa faca João!

Os poetas serão tantos que serão nenhum
O teu time continuará na última divisão
O medo passará fiel de mão em mão
E o teu fim desastroso
Não muda nada...
Muda não.
Larga essa faca João!

Vivo você ainda pode tentar,
Talvez você não consiga mudar,
Mas lá de cima, orgulhoso, você dirá:
Sou formiga e tentei!
(Mas antes, velhinho, ainda perguntarás: E agora João...?)
Larga essa faca.

O sabe tudo sempre será o sabe tudo
O entendido continuará como entendido
O Ser humano ainda seguirá meio iludido!
E você...?
Escreva João Ninguém!
Aprenda,
Lute!
Envelheça!
Tenta, só mais uma vez,
Tenta...
Leva pra cova a vida que levou.




(Do livro "A Floresta Enigmática das Cerejas Mecânicas")
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Amar vai muito além




Quem você ama? O Mundo?
Ama Deus? Ama os seus?
O que você ama?
O que é amor então...?
É satisfazer a gula do próprio estômago?
A gula da carne?
Seria carência?
...

Amar é chorar no deserto por um irmão morto na neve,
é sentir na nuca o balaço que destrói uma família,
é sentir a falta de Deus em cada Noticiário!
Noite e dia!

Amar a criação é lamentar vergonhoso pelo carvão comunista
e pelo Diesel capitalista,
por qualquer religião “santa” que divida,
e por todos os desertos novos.

Amar é rezar para que o bandido acorde morto,
e o causador, que antes o conduzira, se desintegre;
amar é rezar para que o sonho se regenere;
e pela Terra viva acima de tudo.

Amar é dividir três gotas de água para vinte!
É separar as migalhas de um para dois,
é multiplicar o bem por mil!

Amar é limpar os cofres
para salvar os corpos...
É abrir e juntar de uma só vez todos os portos,
é pensar em um, mas com milhões ao lado...

Amar é não apontar o sapato,
a marca do couro,
a gastura do solado;
amar é não caçoar do cabelo do espantalho,
é ver a beleza oculta no feio denominado.

Amar é querer bem ao ministro e ao cão,
à laranja e ao limão,
ao rato e ao gavião.
E por todos, amados, clamar salvação.

Amar é apreciar a flor sem tomá-la do chão,
é tentar mudar o X da questão,
é lamentar o tosco que sorri da emoção.

Amar é ignorar, e beijar até o sangue de quem se ama;
abraçar a brisa leve que te levanta da cama;
amar
o Universo,
a luz,
de quem te ama.


(Parte do livro a ser lançado "A Floresta Enigmática das Cerejas Mecânicas")
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Engula




 

Avante! Avante! Tropa burra de alvo subjetivo

tente explicar, sobre sua razão paupérrima,

a imbecilidade do seu bom motivo.

Avante! Avante! Tropas burras, sob demência analfabeta!

Engulam as fezes que te servem ao pão

engole a mão,

espalmada,

que te espanca a meta.


 

Avante! Avante!

Imbecíl

ignorante,

trajado por leis

por desastres;

trajado por organismos

e partes

da crença geral

na descrença.


 

Engula o povo cretino... As balas e os declínios,

os movimentos sem raciocínio,

as pragas

que infestam

os infestados.


 

E dancem os gorilas e as avestruzes!

Vestidos de anjos, sob as falsas luzes,

em uma selva empedrada de cruzes,

em uma relva de seda embrionária;

a rever

a felicidade

roubada dos outros,

ausentes,

que viveram

ocultos,

e sorridentes,


 

os mesmos ideais,

materiais,

em seus desastres.


 


 

(Parte do livro a ser lançado "A Floresta Enigmática das Cerejas Mecânicas")

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A rebelião dos sapos




Não posso ocultar-lhes que tenho vivido,
ou melhor,
sobrevivido,
sobre as asas de uma simples astúcia:
Virei sapo.
(Astúcia?)

E no brejo onde confabulo,
entre um poderio
pobre e nulo,
ficam os olhudos
a sugerirem questões:
Que as moscas sejam abandonadas!
E as portas novas sejam alcançadas
em forma
de nossa rebelião:
- A REBELIÃO DOS SAPOS!

Coaxavam loucos na euforia
de que assim, agora, poderiam,
Refazer a temática desumanizada
da sociedade...
Que maldade.


A primeira vassourada materialista

estourou

um pobre sapinho liberalista,

em seu movimento

Espiritual Libertário.



(Parte do livro a ser lançado "A Floresta Enigmática das Cerejas Mecânicas")
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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sobre carnívoros e vegetarianos


A história a seguir é baseada num antigo pergaminho Elfo, encontrado no interior de uma garrafa de tequila em Acapulco.


Em uma extinta província esquecida dos mapas de hoje, sucedeu-se um pequeno milagre.

Na parte Norte de Pacífica viviam os vegetarianos, na parte Sul os carnívoros. Uma linha imaginária à beira do Rio Valente demarcava os limites impenetráveis, sob pena de morte.

Os vegetarianos, durante longos, anos tentaram impor seus vegetais aos carnívoros, que por sua vez, tentaram lhes impor a carne.
Anos de guerra marcaram o povo de Pacífica, e à medida que o tempo corria o ódio entre os dois grupos aumentava cada vez mais. – Malditos carnívoros, ainda hão de comer da minha abóbora!
- Do outro lado se ouvia:
- Tome picanha, cambada de gafanhoto!

Qualquer um que visse o empenho dos soldados, de ambas as partes, juraria ser aquela uma briga eterna; só acabaria por restar um tabuleiro vazio. O rei que governou Pacífica durante 48 anos nunca soube de onde partiu essa rivalidade sem precedentes; também nunca conseguiu cessar a birra entre nortistas e sulistas. Porém, quando seu filho assumiu o trono, não tardou três dias para resolver o problema que muitos diziam ser milenar: o Príncipe apenas retirou a linha divisória do imaginário do povo, e obrigou os cidadãos de Pacífica a respeitarem-se mutuamente; ainda sob pena de morte.

Pacífica, então, fez jus ao nome: nenhuma briga mais ocorreu por esse motivo. Ficaram todos lá; carnívoros e vegetarianos, saladas e assados, cada um se servindo do que lhe agrada; e ninguém perdeu nada com isso.


(Publicado originalmente em 2008)
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Este blog surgiu após inúmeras recomendações, broncas, cascudos e beliscões de conhecidos. Aqui está, enfim, um espaço próprio para o escritor Allan Pitz publicar suas "Patavinices", seus textos, seus livros, e tudo o mais que o tempo for lhe guiando e desenvolvendo.

Obrigado pelo incentivo de todos.