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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mensagem para 2010



Apesar de não gostar muito de mensagens de fim de ano, deixo meus votos de um excelente ano novo. Novo de verdade: Menos hipócrita, mais igualitário, mais respeitoso. Um ano novo que determine novas visões pacíficas, novos olhares sobre a natureza e a humanidade, novas formas de servir a Deus. Novas concepções de amor e integração entre os povos.

Que o próximo ano seja estopim de uma nova Era, a semente de um planeta fraterno e justo, a bandeira de um povo realmente evolutivo e ordeiro. Peço as energias do Universo que resgatem cada um de nós, que inclua o espírito puro no império da carne, e que uma luz eterna e infinita venha dar fim em todo e qualquer sofrimento humano.

Um feliz 2010 a todos que amam o Universo. Estaremos juntos no cosmo.
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Toma aqui o maço inteiro



De terno branco sentado na calçada. Bairro da Lapa, beco escuro. Mais de meia noite. Boêmio rendido, travesseiro de pedra... Nisso vem um passante. O do terno aproveita:

- Pssssiu! Ei! Moço! Pode me arrumar um cigarro?

O maço de cigarros estava bem perceptível no bolso esquerdo da calça jeans.

- Não tenho não.

-... Obrigado. Boa noite.

Andou mais depressa para livrar-se da imagem derrotada, um homem de terno jogado ao chão, fraco das pernas.

Já bem distante, o passante acendeu seu estimado cigarro. Após longa tragada percebeu o mesmo terno branco, desta vez de pé ao seu lado. Bafo terrível de cachaça.

- Pode me dar um cigarro, moço?

- MEU DEUS! VOCÊ ESTAV... LEVA! LEVA!! TOMA AQUI O MAÇO INTEIRO!!!


(Parte do livro a ser lançado 'DESCULPE-ME')
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domingo, 20 de dezembro de 2009

Armadilhas de um Jovem Escritor Brasileiro. (Parte IV)



Quem acompanha esta série deve estar um tanto confuso quanto à minha real posição sobre as editoras nacionais com os jovens escritores. Vá lá: Muitas são limitadas em sua busca, visam apenas lucro, e tratam alguns jovens escritores com o cerimonial triste de uma gravação zangada (e tratam com gladiadores ao invés de gatinhos!), é constrangedor até, mas só posso contar como foi a minha história, não generalizo, e somente o leitor vai dizer com o tempo o nível de bosta que eu sou ou fui (grande; pequena; ou bosta nenhuma).

Dá pra conseguir ser escritor? É claro que dá! No entanto pense bem antes de escrever, pense se você realmente quer escrever ou mostrar. Pense se o carretel criativo vai se sustentar junto à carcaça. Veja bem para onde seu gênero aponta, e pule fora desses cursinhos que ensinam a virar escritor; chega a ser irritante isso. Leia, leia muito, ser bom leitor já é um grande passo para ser escritor, os outros passos você dá vivendo e sentindo, vendo e imaginando, fazendo seus filmes na mente, sei lá... Mas não existe receita secreta, e se existe continuará secreta.

Voltando às editoras, não acredito que elas sejam cruéis, acredito que sejam empresas. O escritor nunca terá a frieza de um executivo. Um executivo jamais alcançará a sensibilidade de um escritor. Entretanto, nesse caso, eles se complementam num negócio... E quem está por cima pode adotar o comportamento que bem quiser.

Sempre sentirá mais os efeitos da bomba social (do pensar ao executar) aquele escritor totalmente isolado em seu fluxo literário louco, e aquele que não tem dinheiro o suficiente para investir em festas de lançamento ou grandes divulgações. Os lobos de estepe (pessoas solitárias) sentirão mais os efeitos da tentativa de edição. A melhor técnica é a insistência, a garra, a criatividade. Na agonia da recusa é que veremos onde a literatura circula, se o escritor realmente ama escrever, e se o coração letrado já pulsa sozinho e voluntário.
(Continua)
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Minha trama




Vejo nessas linhas tortas, travessias tantas,
Que eu nem mesmo fiz...
Vejo e moldo a minha santa,
Minha reza manca, minha meretriz.
Falo que nem sei da boca...
Ando que nem sei dos pés...
Papo de cabeça oca;
Tramas de não sei quem és.

Tomo ao caule, compulsivo,
Este monólito que é o meu pensar;
Na raiz de um decidido,
Só não abdico de o ar respirar.
Sem as flores, primaveras,
Arcos que entrelaçam mar...
Selvas rudes, poesias,
Mortas sobre o mesmo altar.

Quero os olhos de verão,
Trazendo na estação: Calor de refrescar!
Quero ser a sensação de quem caiu no chão
Depois tomou os céus!
Quero que as palavras voltem;
Todas pra me resgatar...
Quero ser a vida viva:
Quero mais que o relembrar.


(Parte do livro a ser lançado em janeiro "Visões comuns de um porco esquartejado")
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A tecnologia indígena




O governador jurava que a usina atômica não afetaria os índios, acabou convencendo a tribo de que a vizinhança nova estaria vedada e bem longe. Os índios concordaram, ganharam com isso uma televisão, luz elétrica e bolas de futebol.

Três anos depois, o governador volta e constata o estrago nas terras indígenas. A fome, a seca, água contaminada, as doenças. No alto do palanque montado às pressas ele pretende sanar todo o mal com palavras.

- Em primeiro lugar, eu gostaria de me desculpar pelo que tem acontecido aqui, foi um erro gravíssimo, algo realmente lamentável. E em segundo lugar...

Não teve segundo lugar... Uma flecha, certeira, no peito do ‘Caraíba’; amenizou um pouquinho a dor da tribo.

*Caraíba – Homem branco.

(Parte do livro a ser lançado "DESCULPE-ME)
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma sunga na cruz




O maior assassino de homossexuais do Recife está morrendo no hospital prisional. O padre começa a Extrema Unção.

- Este é o momento de se arrepender por todos os pecados, e receber a benção e o perdão de Deus.

Deu-lhe o enorme crucifixo para que beijasse.

- Oh Padre. Prefiro ir pro inferno a ter que beijar esse magricelo de sunga.

E morreu.


(Parte do livro a ser lançado " DESCULPE-ME")
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Duas doses poéticas


Photo by Peter Hellebrand, Rotterdam, Netherlands.


Duas falas

Ela fala de voar eu vejo céu.
Ela pensa em tracejar;
Eu mostro mapas.
Ela pensa em vir da carne o doce mel...
Eu no mel dum doce espírito:
Pulo etapas.
Ela fala de sorrir até chorar
Quando cá vejo chorar até sorrir!
Ela fala de seguir ao ver chegar
E daqui vejo chegar após seguir.
Ela segue mais avante do que eu sei
Mesmo assim, já posso ver seu caminhar
Nas areias que pisei tão logo ali
Quando a névoa decidiu me raptar.

Tantos anos de cegueira imposta à brasa,
Quando amor se misturou, na cova rasa,
Ao prazer que dominou a triste fala,
Ao amar que é tudo junto e mais que isso.

Ela fala em conquistar o Mundo novo
E eu pensando na revolta dos umbigos
Ela fala em recomeço e desconsolo
Eu sou marca... Que destrói com tudo isso.





O fantástico circo novo


Numa pirueta do palhaço eu vi
Toda a palhaçada onde devia estar...
Fora desse picadeiro em que eu vivi,
Dentro de uma rocha que morreu no mar.

Onde a magia velha me encantou!
Números de um circo onde eu não quis estar...
Vejo alguns anões a fazer rir também,
E um acrobata desequilibrar.

Nova apoteose de ver tudo além!
Ares rarefeitos não vão me ofertar
A magnitude de sentir, que alguém,
Sente o seu sentido louco de enxergar!

Palhaços!
Mágicos!
Circos!
Micos!
Sorrisos novos que eu guardei comigo!
Anões!
Gigantes!
Morto!
Expressivo!
São novas vozes a cantar comigo!
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FIAPINHO



(Publicado na Antologia Contos Fantásticos da CBJE, 12° Vol. Março de 2008)

Ela se insinuava robusta. Envolvia-me em pensamentos sórdidos, picantes, tão obscenos quanto o diálogo das antigas fotonovelas eróticas. Era o mais puro tesão que os animais racionais conseguem sentir, momentos tão intensos que justificam o cio canino. Eles não detêm a incrível capacidade de imaginar sacanagem, precisam dos odores. Para nós, seres humanos, sexo pode ser pura criatividade.

Certa vez, um amigo sugeriu a um candidato a Deputado que, caso fosse eleito, criasse uma lei proibindo o uso de fio dental. Não podia mais ir à praia sem ter uma ereção involuntária! Sentia-se intimidado por algumas bundas, não conseguia superar a tara por fio dental, e já tinha quase 52 anos. Acontece que o menino dentro dele sempre amou aquele “fiapinho”. Ai, aquele fiapinho!

Ela vestia um biquíni branco na moda, linda, tinha carnes, tinha graça, tinha uma pele morena impecavelmente bronzeada pelo sol do Rio de Janeiro. Devia estar uns cinco quilos acima do peso ideal, mas só para os críticos, para os gulosos estava no ponto, pronta para ser amaciada. Poderia estar dez quilos a mais, que não mudaria em nada aquele cenário maravilhoso, ou melhor, mudaria sim. Decerto, teria que requebrar os quadris com mais intensidade e força, só assim poderia livrar-se do micro short que a impedia de cair no mar. Daria um ano do meu tempo na terra para ver em câmera lenta o rebolar daquele monumento. E ela não usava fio dental, meu amigo aprovaria, não teria ereção alguma. Ou teria? Abílio devia procurar um psicanalista isso sim.

Por que misturei uísque e água de coco? Um porre de natureza? Poderia tomar só a água de coco e hidratar o corpo embaixo daquele solão. Ou cerveja mesmo. Aliás, era isso que a morena bebia.
- Uma cerveja, por favor.
Já tínhamos algo em comum, ou quase, pois a marca da minha era mais cara, não por sofisticação, por gosto. Que calor insuportável, por dentro e por fora! Que corpão!

Abílio devia ser um moleque fanático por passistas e desfiles carnavalescos, posso imaginar ele tendo mil ereções involuntárias, uma pra cada componente encorpadinha que atravessasse o alcance de seus olhos com o inexorável fio dental. Eu mesmo me empolguei muitas vezes no carnaval, a melhor fantasia da mulherada era nudez com purpurina, fantasia prática, leve e bem ventilada. Nua, não tem problema, o negócio é o fiapo! O fiapo!
- Abílio você não acha que a questão é Freudiana?
- Não. A questão é o fiapo mesmo.

Nossas cadeiras estavam próximas, dava pra sentir as ondas de energia no ar, era magnetismo puro. Quando, e se a beijasse, de certo levaria um choque leve. Estava ficando elétrico, já não via o mar, nem as outras mulheres, só tinha olhos para ela, e ela era tudo o que os olhos queriam. Teria que tentar alguma aproximação, já a observava malicioso por alguns minutos e nada, ou disfarçava ou não me percebia. Levantei, respirei e segui faceiro, malandro, em passos mais do que lentos e gingados, agora um eletro choque era inevitável. Rápido, fingi cumprimentar alguém ao longe e voltei pra minha mesa barraca, um rapaz negro forte como um touro e alto como um muro a abraçou por trás e lhe beijou a boca. Ela falou no ouvido dele, ambos me olharam e sorriram por alguns instantes; estavam tirando um sarro das minhas pretensões e meu físico de escritor.

Percebi então que havia muitos fiapos ao meu redor. Abílio teria morrido de orgasmo no miocárdio. Fui pra casa pensando nos choques que não provei, mas fiz questão de doutrinar a mente pra não sair machucado: O biquíni era velho e surrado, ela bebia uma cerveja vagabunda e o namoradinho não era lá isso tudo. Ainda por cima aquela moreninha comum não era nenhuma beldade.

- Humpft... Gorda iludida.
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Ela e os icebergs




Sou tão pequeno frente ao berro, o cais,
Sou quase nada frente ao ar bravio...
Se for partir, adeus; só quero paz.
Não jogue gelo num frágil navio.

Se as paredes de tabaco pudessem dizer,
Se as memórias de morrer fossem contar
O quanto que o crescer pode nos doer,
O quanto quem perder pode ganhar.

E te dissessem rindo aquilo que senti,
E te mostrassem fotos ricas do sonhar.
Pode ser: A verdade está em mim.
Pode crer: Sempre está no seu lugar.

Se as montanhas do passado pudessem reter
As questões de hipocrisia que hoje fiz sanar.
Se uma máquina do tempo me trará você?
Que me traga... Ou me leve para outro lugar.
Gira mundo, porta aberta, meu raiar profundo,
Sou aquilo que um dia fiz pensar em ser.

Volta logo, vem depressa, tudo é tão vazio...
Só não atire os icebergs no frágil navio.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Palavras de peso




Algumas frases de peso para o cofrinho das reflexões. Seleção Paquidermes:

A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros.

Allan Kardec


Amar a humanidade é fácil; o difícil é amar seres humanos.

Kalman Shulman


Não se pode ensinar tudo a alguém. Pode-se, apenas, ajudá-lo a encontrar por si mesmo.

Galileu Galilei


Crime é obedecer às ordens injustas.

Voltaire


O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.

Mário Quintana


Para muitas pessoas a felicidade é semelhante a uma bola: querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.

Mário Glaab


A única forma de vencer uma discussão é evitá-la.

Dale Carnegie


Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.

CONFÚCIO


Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor.

William Shakespeare


O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.

Machado de Assis


Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.

Carlos Drummond de Andrade


Se as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades
ressurgirão, mas se queimarem os campos e conservarem as cidades, estas não sobreviverão.

Benjamin Franklin


Toda crueldade resulta da fraqueza.

Sêneca


Prefiro perder a guerra e ganhar a paz.

Bob Marley


Atender a quem te chama é belo. Lutar por quem te rejeita é quase chegar à perfeição.

Charles Chaplin


De nada serve ao homem conquistar a Lua se acaba por perder a Terra.

François Mauriac


Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura.

Che Guevara


A verdadeira riqueza não consiste em ter grandes posses, mas em ter poucas necessidades.

Epicuro


Assim como o brasileiro foi educado para perder, o americano foi educado para ganhar.

Tom Jobim


Vencer a si próprio é a maior das vitórias.

Platão


Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.

Nelson Rodrigues


Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o sucesso, mas conheço uma forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos

John F. Kennedy


Nada nesse mundo é nunca mais...

Cazuza


Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

Clarice Lispector


É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão.

CONFÚCIO


O primeiro passo para o conhecimento é sabermos que somos ignorantes.

Cícero


Você está a caminho do sucesso quando compreende que o fracasso não passa de um desvio.

Willian G. Wilnes Jr.


Grande parte das boas obras do mundo foram praticadas
por pessoas medíocres que fizeram o melhor que podiam.

George F. Hoar


A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.

Sigmund Freud


A vingança nunca é plena;
Mata a alma, e a envenena.

Seu Madruga
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Palhaçadas tristes




Ninguém te vê quando esse pano cai
Enxugando o rosto triste das risadas,
Somente a máscara pintada tem
A força mestra dessas gargalhadas.
Sem o nariz pintado, o chapéu,
Sem a fajuta farda de labuta,
Sem essas horas que te trazem céu;
Sorvendo fel do riso à própria luta.

Ninguém te vê quando esse pano cai...
Só, enxugando o rosto das risadas.
Ninguém aplaude quando já não vê:
Jovem palhaço, triste, em poucas falas.

Isso tudo é grande palhaçada!
Sentimento que insiste:
Deus a fazer nossa estrada...
E o Diabo a pôr piche.
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Este blog surgiu após inúmeras recomendações, broncas, cascudos e beliscões de conhecidos. Aqui está, enfim, um espaço próprio para o escritor Allan Pitz publicar suas "Patavinices", seus textos, seus livros, e tudo o mais que o tempo for lhe guiando e desenvolvendo.

Obrigado pelo incentivo de todos.